Eu amo filmes como Pilgrims onde a gente começa assistir e não entende o porquê dos atos de seus personagens.

Neste caso um casal de amigos na Lituânia se preparando para uma viagem curta, para uma cidade vizinha de onde moram.

Ao chegar lá eles começar a ir para lugares onde alguém esteve anteriormente e tentam recriar os passos daquela pessoa em meio a normalidade do dia a dia de quem está lá vivendo sem dar importância a esse homem e a essa mulher.

Aos poucos a gente vai descobrindo que ele era o irmão e ela a melhor amiga de Matas, um jovem que morreu anos atrás e que teve seus últimos momentos naquela cidadezinha.

Eles não só não se conformam com a morte de Matas como não se conformam como a justiça lidou com tal morte.

Mesmo que a tal “justiça foi feita”.

O diretor Laurynas Bareiša brinca com seu espectador ao criar planos sequências longos onde percorremos os lugares e as conversas e as pseudo investigações de seus personagens principais, nos tornando cúmplices muito próximos de tais atos.

E para deixar claro, os atos não são ilícitos, eles não fazem (quase) nada contra a lei.

E a cumplicidade do espectador é fundamental para o jogo cinematográfico do diretor ao fugir de uma edição óbvia e preguiçosa de um drama que poderia ter sido banal e sem graça.

Os peregrinos do título não são necessariamente aqueles viajantes, imigrantes, migrantes mas são essa dupla que quer entrar e tentar descobrir os mínimos detalhes de uma comunidade diferente da sua para tentar entender os porquês, os “comos”, os “ondes” de uma tragédia que já deveria estar enterrada com os seus mortos.

Mas como a gente sabe e vê aqui, os mortos morrem mas a saudade, a lembrança, são eternas, neste que foi o candidato da Lituânia a uma vaga ao Oscar de Filme Internacional de 2023.

NOTA: 🎬🎬🎬🎬