292/2019 SILVIO E OS OUTROS

Nada como um filme novo do maravilhoso Paolo Sorrentino para alegrar a nossa vida.

Silvio E Os Outros antes de mais nada é um filme lindíssimo, com uma direção de arte primorosa, muito bem fotografado, com aquele primor estético que a gente aprendeu a amar do diretor de A Grande Beleza.

Tudo isso para contar a história do ocaso de Silvio Berlusconi, o bilionário controverso italiano que foi Primeiro Ministro daquele país e aos poucos foi caindo em desgraça público por todas as falcatruas que já tinha cometido foram à luz pelas mãos de seus adversários políticos.

O filme foca no Berlusconi aos seus 70 anos de idade, sem ter o que fazer em sua mansão, já que não foi reeleito e já que seus filhos que cuidam de seus negócios.

Cabeça vazia oficina do diabo, já dizia minha avó, então o cara começa armar para voltar ao poder, subornando senadores para ficarem ao seu lado.

Sua esposa, cansada dele, vai para o oriente passar uns tempos meditando.

O que faz o fofo? Dá festas e mais festas regadas a cocaína, mdma, champagne e muitas, muitas mulheres, que “se apaixonam” pelo velho poderoso.

No meio desse caminho todo, entra em cena um cafetão tentando que uma de suas “funcionárias” engravide do bilionário para garantir seu(s) futuro(s).

Assistir Silvio e os Outros me deixou pensando se o diretor Sorrentino é amigo e bate muito papo com o Soderbergh, porque ambos os filmes tratam de assuntos espinhosos políticos por uma via de humor de série de tv.

A vantagem de Soderbergh é que o seu A Lavanderia tem um tema universal e mais interessante do que o do velho bilionário reacionário e misógino.

Mas o que Soderbergh faz com seu filme, de contá-lo de uma forma bem didática, Sorrentino faz o oposto: tendo uma personagem tão exagerada e bizarra como Berlusconi, ele faz zum filme exagerado que por vezes beira o surreal.

Só que a gente percebe que o surreal é de verdade, o cara tinha mesmo o carrossel em casa e que suas festas tinham chuva de comprimidos de extasy, o que rendeu umas das sequências mais interessantes do filme.

Toni Servillo, o ator fetiche de Sorrentino, sim o Jeo de A Grande Beleza, está melhor que nunca. Esses atores ótimos que envelhecem bem me deixam sempre emocionados só por quebrarem tudo a cada filme que fazem.

Neste filme “exagerado” esteticamente sobre um personagem de vida exagerada no pior sentido, Servillo nos presenteia com um Berlusconi que é quase um velhinho bonzinho meio deslocado de toda a pompa que o rodeia.

Mas é aos poucos que percebemos o quanto sua calma é uma arma conquistada com a idade e com anos e anos de filhadaputagem de poder para fazer com que os outros se curvassem a seus desejos.

Não se deixe enganar, o filme é ótimo, o personagem não. E isso me incomoda nesse tipo de filme sobre personagens reais de vida e história reprováveis. Fico com medo que um filme desses acabe transformando um Berlusconi da vida em uma personalidade palatável.

NOTA: 🎬🎬🎬1/2

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