Aqui vai uma dica pitoresca: Metamorphosis é um filme sul coreano de possessão demoníaca católica.

Você me pergunta: o que tem de pitoresco nisso?

Eu te respondo: pra mim é enxergar o quanto está enraizada no cinema a ideia de que a possessão demoníaca seja somente católica, onde quer que ela aconteça.

Fiquei até pensando, sinceramente, se isso não seria um preconceito meu, imaginar que se uma possessão também pudesse acontecer fora do imaginário católico, como a gente já viu em filmes por aí.

E o quanto a ideia de padres coreanos tentando lidar com demônios seria uma forma de ocidentalizar o horror daquele país.

Eu, pra ser sincero, me interessaria muito mais em uma história de possessão que acontecesse na Coréia se fosse resolvida de formas não convencionais, com um pouco do folclore e da religiosidade local incorporada ao problema.

Mas Metamorphosis deixa isso totalmente de lado e acontece quase que como um episódio de uma saga de filmes de possessão que estamos muito acostumados a assistir, sem nenhuma surpresa.

O filme é bonzinho, com absolutamente todos os elementos esperados que vão do padre atormentado por não ter tido sucesso em uma sessão de exorcismo até ele tentar se reerguer e proteger agora sua família que sofre com uma possessão.

Família essa que precisou se mudar de onde morava por vergonha das ações erradas do próprio padre.

E por falar na família, ela é o grande problema do filme: genérica demais, sem personagens com carga dramática suficiente para a gente torcer por ele ao invés de torcer pro demônio.

(não que alguma vez eu não tenha torcido pelo demônio em filmes de possessão)

A única coisa boa que acho que bem original deste filme é um demônio bem “brincalhão”, bem desgraçado mesmo que entra no corpo de mais de uma pessoa da família, para desespero de todos, porque o resto do filme é feito de “homenagens” a todos os filmes possíveis do gênero.

Metamorphosis não é nenhum Exorcista, mas eu por precaução assisti durante o dia com as janelas abertas e o sol entrando, porque, né, segurança nunca é demais.

NOTA: 🎬🎬1/2