Enrolei meses para assistir Vitalina Varela, o representante de Portugal a uma vaga ao Oscar de filme internacional em 2021.
Me arrependo profundamente do tempo perdido.
Pedro Costa, o criador e diretor de Vitalina Varela prova com seu filme ser um gênio do cinema nessa segunda década do século XXI.
Vitalina Varela é uma mulher de 55 anos de idade que depois de 25 anos de espera por uma passagem, chega a Portugal 3 dias após a morte de seu marido.
E descobre que não tem o que fazer lá.
Ela passa seus momentos em terras lusas sob um claro-escuro caravaggiano transportado ao digital dos nossos tempos, como diria o outro, sem medo de ser feliz.
Em Vitalina Varela, Pedro Costa mostra que o cinema de autor, o cinema sem concessões, ainda é possível.
A tristeza do filme, o lânguido, o melancólico, não são só mostrados fotograficamente, mas principalmente pela direção de elenco, do pouco texto que é preciso e não mais do que o necessário, alguma coisa que não vemos mais no cinema falado de nossos tempos.
O silêncio, o não dito, é parte essencial desse novo universo que essa mulher habita sem entender o porquê.
Vitalina Varela é a fotografia da humanidade em 2021, que chegou atrasada para um funeral e não sabe o que fazer enquanto não volta para a segurança de casa.
Se é que um dia vai voltar.
NOTA: 🎬🎬🎬🎬🎬
Um pensamento sobre “027/2021 VITALINA VARELA”