#alertafilmão

E o melhor, o filmão é lançamento da Netflix, olha que coisa boa.

Entre Frestas é um drama policial polonês, baseado numa história real bizarra.

Na década de 1980, foi realizada na Polônia a Operação Jacinto, onde a polícia de todo o país, ainda sob o manto comunista, resolveu “cadastrar” todos os homossexuais que por lá moravam.

A desculpa era que eles queriam conter a “proliferação da AIDS” e também acabar com a prostituição masculina.

(a feminina continuava liberada)

A chamada Milícia Cidadã, no final de 1985, começou a atacar e prender homossexuais, pessoas que com eles se relacionassem de qualquer forma, pessoas que eles achassem que eram homossexuais, para realizar esse cadastro e em muitos casos fazer com que esses homens assinassem declarações de que eram sim homossexuais e que se responsabilizariam por isso.

O que quer que isso quisesse significar, já que a polícia poderia acusar essas pessoas de qualquer coisa.

No filme, o policial Robert, destacado para cobrir essa operação, se envolve com um dos homossexuais que persegue e acaba fazendo um acordo (com ele mesmo, não com o gay) de que ele seria seu informante.

Ao dizer isso para seus superiores na polícia, Robert consegue um passe em branco, digamos assim, para conviver com esse homem e circular pelos lugares “proibidos”.

A gente já imagina o que isso quer dizer, né.

Entre Frestas é ótimo.

Diferente de Os Olhos de Tammy Faye, cujo roteiro se prejudica por uma falsa sensação de contar a história real e cronológica, neste filme a história é contada como deve ser contada em um filme mesmo.

O roteiro é bom, o diretor é bom e o elenco não só é bom como é muito bem escolhido.

Ninguém ali parece não ser pertinente ao personagem.

E além de tudo é um retrato incrível de uma época bizarra, de uma história estúpida que aconteceu 40 anos atrás mas que poderia acontecer de novo em circunstâncias parecidas em governos déspotas atuais.

NOTA: 🎬🎬🎬🎬1/2