Obrigado Dekanolog por distribuir esse filme de tão longe mas que parece que foi filmado aqui na nossa esquina.

Em uma pequena cidade no meio do nada da Sérvia, Nikola, um trabalhador pai de dois, é obrigado a entregar sues filhos ao serviço social depois que a fome, a pobreza e o desespero levaram sua esposa a tomar uma atitude extrema.

Enquanto Nikola não conseguir provar que tem condições de cuidar dos 2 filhos, as crianças terão que viver com famílias semi-adotivas.

O pai do título faz o que pode e o que não pode para ter seus filhos de volta e encontra dificuldade não só em um sistema público corrupto mas também com seus vizinhos que se aproveitam da fragilidade instaurada na família e da distância de Nikola para roubarem a casa.

Nikola não se conforma que nada o ajuda, nem os vizinhos, nem os oficiais do governo nem as pessoas dos serviços sociais.

A burocracia e a estupidez humana são demônios muito bem descritos no roteiro do filme do diretor Srdan Golubović que nos faz sofrer muito ao lado de Nikola nesta descida do pai ao inferno da burocracia, da ignorância, da falta de compaixão.

O pai desesperado atravessa o país a pé, já que o pouco dinheiro que tem ele gasta com taxas para tirar documentos para que seus filhos voltem a morar com ele.

O desespero da história seria cômico se não fosse trágico. O que a gente assiste no filme é tão familiar a nossa realidade de país de terceiro mundo e aí que está o trágico, descobrir que isso é o modus operandi no mundo inteiro, onde os pequenos poderes que deveriam ajudar as famílias e as pessoas a viverem melhor, só atrapalham.

E parece que de propósito.

O drama sérvio desgraçado, apesar de nos fazer sofrer, faz com que esse sofrimento se transforme em revolta em nós espectadores como faz com que o sofrimento do pai seja o combustível para sua luta, assim como é o combustível cinematográfico para a experiência desta obra de arte.

NOTA: 🎬🎬🎬🎬1/2