Alguns anos atrás eu não teria conseguido assistir esse indiezinho sem vergonha I Love My Dad.
E por sem vergonha eu digo: o diretor, roteirista e ator James Morosini fez o que quis, como quis e tudo no meio pra deixar seu espectador incomodado ao extremo.
James é Franklin, um cara que começa o filme saindo de alguma internação ou retiro ou algo mais radical. Logo a gente percebe que ele é uma pessoa bem introvertida, mesmo, com problemas de relacionamento e que pra tentar melhorar, ele cortou todos os laços com seu pai.
Inclusive os digitais, bloqueando Chuck em tudo.
Logo o pai, vivido pelo sempre ótimo Patton Oswalt, o maior sem vergonha, cria um perfil falso no facebook de uma mulher linda e interessante e através dela ele chega no filho, carente e desesperado.
Neste momento do filme a minha ansiedade já teria me dado um toque: se liga porque esse é roteiro de desgraça anunciada.
Vai dar mierda.
Vai dar ruim.
Desliga e vá ver Branca de Neve.
Hoje em dia o canabidiol me ajuda a superar esses momentos de desespero e eu consegui chegar ao fim de I Love My Dad sem sofrer. Muito.
O sem vergonha do diretor, como eu o achei ali acima, é não pelo fato dele fazer um filme com esse roteiro que já avisa que alguma coisa ruim vai acontecer.
O problema é que várias coisas ruins vão acontecendo para que o pai consiga se reconectar com o filho, aos poucos e de uma forma ou de outra.
A moral é esquecida, a cara de pau é usada como arma de contação de história e o filme usa o personagem do pai, um enrolador, mentiroso, meio picareta, como espelho do seu próprio roteiro e o pai vai até as últimas consequências pra conseguir o que quer, sem pensar em nada.
I Love My Dad é um filme sobre reconectar, sobre tentar ajudar, sobre assumir o seu papel mesmo que pra tudo isso você tenha que ser uma besta, um safado.
Eu achei que o incômodo que me causou o filme ao final serviria de alívio, mas I Love My Dad nnao alivia não.
Por um lado isso é bom, mostra que o diretor Morosini não tem medo de insistir e de ousar.
Mas pra mim não deu não, acho que ele aqui passou do ponto, ou melhor, de vários pontos.
NOTA: 🎬🎬1/2