Filme gay polonês incrível, mais atual impossível e o pior/melhor, baseado em uma história real.
No meio do nada da Polônia vive Daniel, artista plástico, ativista, gay e católico praticante.
Na cidadezinha micro onde ele vive, as pessoas “aceitam” Daniel ser gay exatamente por ele frequentar a igreja, ser respeitoso com o padre e com a comunidade.
Mas não querem saber quem ele beija, por quem ele se apaixona, não querem saber de suas lutas.
Quer dizer, enquanto ele for invisível no dia a dia tá tudo bem pra ignorância que reina por lá.
Um dia uma adolescente lésbica se enforca depois de não aguentar todo o bullying que sofre e Daniel revoltado, começa a jogar na cara de sua comunidade que eles são culpados pela morte de sua amiga e que esse papinho furado de tudo bem contanto que não cheguem perto é o pior tipo de atitude possível.
Daniel quer que os “poderosos” da vila o ajudem em sua luta para o povo abrir os olhos e aceitar os diferentes que com eles convivem mas ele precisa tomar medidas radicais depois de não ter apoio.
E o que Daniel faz é lindo demais.
All Our Fears, Todos os nossos Medos é um filme que apareceu do nada pra mim e que me deixou apaixonado pela trama e mais ainda pela história real do artista Daniel Rycharski.
O que assistimos em All Our Fears é o que temos assistido em muitos filmes recentes, do bullying com consequências radicais, da não aceitação das diferenças, das pessoas no armário que não se consideram gays (neste caso) e de como pessoas como Daniel precisam ir a extremos para abrir os olhos de quem está por perto.
A direção da dupla Łukasz Gutt e Łukasz Ronduda é não só competente e redondinha como também chega a nos mostrar possibilidades incríveis do que eles poderão nos mostrar em filmes futuros.
Algumas sequências de All Our Fears são dignas de serem revistas de tão bem escritas, dirigidas e concebidas que são.
Daniel, o personagem, é um cara tão cheio de possibilidades, todas elas mostradas pelos diretores que eu fiquei com muita vontade de ver um documentário sobre o Daniel artista da vida real, o gay artista plástico católico fervoroso que cria igrejas de ferro que são objeto de desejo de galerias polonesas e que ao mesmo tempo que se mostra absolutamente contemporâneo, não larga mão de sua ancestralidade, de sua história, como vemos bem no filme.
NOTA: 🎬🎬🎬🎬