Hey Netflix, já disse hoje que eu te amo?
Só por ter comprado e colocado em seu catálogo no mundo inteiro a PÉROLA mexicana Já Não Estou Aqui, o filme obrigatório de hoje.
Que filme, meu povo, que filme.
Roteiro absurdamente bom, direção impecável do mexicano Fernando Frías (da ótima série Los Espookys), elenco de não atores escolhido a dedo certeiro e a melhor história baseada na música mais doida que ouvi ultimamente, a kolombia, uma versão da cúmbia colombiana desacelerada, a trilha das gangues de Monterrey, no extremo norte do México.
Ulisses (o ótimo novato Juan Daniel García Treviño), um moleque de 17 anos, meio que o líder da gangue de kolombia Los Terkos, dança como poucos e tem seu estilo único copiado por toda molecada.
Ele é gente boa, ama a música, ama dançar com seus amigos e viver com Los Terkos, que não são bandidos mas sim uma gangue de dança.
Quer dizer, assim eles acham.
Um dia num acaso errado do destino, Ulisses é confundido com um bandido de verdade e precisa fugir e se esconder com sua família para não serem mortos.
Ele é mandado escondido para os Estados Unidos e por lá, tenta sobreviver como pode: sem dinheiro, sem falar inglês e o pior, sem poder dançar, sua melhor forma de comunicação.
Mas ele dá seu jeito, já que morrer de fome ele não vai e consegue aos poucos se aproximar de uma prostituta colombiana, de uma menina chinesa que se encanta por seu estilo.
E assim Ulisses vai seguindo seu caminho, vivendo sua Odisséia num mundo que ele não fazia ideia de que seria tão absurdo.
Já Não Estou Aqui é um filme com amor exalando de cada uma de suas cenas. Por menos que a gente enxergue esse amor, a gente sente.
Todo o estilo de Ulisses e seus Los Terkos proporciona ao filme a alma que é difícil encontrar por aí.
O diretor Frías, que eu já admirava quando assisti Los Spookies, ganhou um fã incondicional. O cara não só escreve bem como ele sabe contar uma história, sabe construir personagens e o melhor, sabe como poucos dizer a que veio através disso tudo.
Não é fácil escrever um filme para não atores e fazer com que nada soe estranho quando cada personagem fala. Por horas parecia que eu assistia um documentário, de tão real aquilo tudo me parecia.
Por mais exótico que nos pareça a molecada de Los Terkos, nunca fez tanto sentido a lição do “conta a história da sua aldeia e contará a história do mundo todo”.
Já Não Estou Aqui é o filme sobre o estranho em sua vila que também é o estranho na cidade grande. É a história da personagem que não se encaixa em lugar nenhum, com uma história linda a ser contada e que mesmo assim não abre mão de contá-la da forma que ele pretende.
Um belo de um tapa na cara cinematográfico de primeira.
#alertafilmão
NOTA: 🎬🎬🎬🎬🎬
2 pensamentos sobre “156/2020 JÁ NÃO ESTOU AQUI”