No dia da entrega do Oscar, posto esse texto de amor ao último concorrente que ainda não tinha assistido, o tunisiano O Homem Que Vendeu Sua Pele.
Que filme, meu povo, que filme.
Pra começar não esperava um filme tão contemporâneo, tão ousado esteticamente.
Mas não se engane, O Homem Que Vendeu Sua Pele não é um filme modernoso, afetado, pretensioso, nada disso.
O filme dirigido pela ótima Kaouther Ben Hania é baseado na história real do artista belga Wim Delvoye que tatuou as costas de um homem, que se tornou uma obra de arte milionária.
No filme, um artista belga tatua as costas de um refugiado sírio que conhece em uma de suas exposições porque o homem ia toda noite na galeria comer e beber, seu único jantar possível.
O contrato firmado entre os dois é bem lucrativo para ambos, principalmente para o sírio, que sai da pobreza extrema a quantias inimagináveis de euros em sua conta corrente.
No filme a tatuagem ainda é mais genial que a que o artista da vida real fez: no filme o artista milionário tatua um visto de entrada para refugiados na comunidade européia nas costas de um refugiado que quer entrar e viver na comunidade européia.
Mas a grande discussão do filme é sobre a objetificação do ser humano a partir da pergunta: será que vale a pena você vender o seu corpo, ou pelo menos uma parte dele, por muito dinheiro e se tornar um refém da arte, ou de quem paga mais?
A história é ótima, o elenco é perfeito, principalmente com uma Monica Belucci mais linda que nunca.
O Homem Que Vendeu Sua Pele é um dos filmes mais politicamente desafiadores em um ano cheio de filmes políticos, levantando uma discussão não tão comumente vista no cinema.
E melhor ainda, não deixando de lado o próprio “cinema” do filme, se transformando em um filmão absolutamente engajado, tanto que está concorrendo ao Oscar de filme Internacional, depois de ter participado do Festival de Veneza de 2020 onde o ator Yahya Mahayni, o refugiado Sam, venceu o prêmio principal na mostra Orizzonti.
Imperdível e obrigatório.
NOTA: 🎬🎬🎬🎬🎬
Um pensamento sobre “115/2021 O HOMEM QUE VENDEU SUA PELE”