O título é péssimo, mas o documentário é ótimo.
O Som da Identidade é a prova do que eu sempre falo por aqui: para ter um documentário bom, você só precisa de uma personagem boa, de uma história boa.
O filme conta a história de Lucia Lucas, a primeira mulher trans a interpretar o papel principal da ópera Don Giovanni de Mozart.
E o filme mostra lindamente todos os medos, receios e dúvidas enfrentados por Lucia, uma mulher trans cantora de ópera que nesta montagem está quebrando todas as barreiras de uma forma de arte tão elitista e tão engessada em sua forma.
E o mais incrível ainda: o Don Giovanni de Mozart é um dos personagens mais odiados, escrotos, machistas, abusivos do mundo da ópera.
É aquele personagem que os amantes da arte odeiam amar.
E para Lucia é uma tarefa hercúlea, já que ela quer viver esse personagem da melhor forma possível, em uma versão bem arrojada nessa montagem e, se conseguir o sucesso, ela vai fazer com que seu público ame o canalha misógino, sendo uma mulher que sofre muito o que ele canta durante a obra.
Uma coisa interessante do filme é ver o quanto Lucia se entrega ao trabalho e a promoção da ópera, que a vendeu como uma experiência única e de vanguarda, mostrando que ela é uma estrela como poucas.
Tudo isso “culpa” de Tobias Picker, o diretor da ópera, um compositor erudito dos EUA que sempre gosta de quebrar barreiras e padrões.
O Som da Identidade é um filme sobre uma história que se não vivêssemos ainda em tempos tão tenebrosos, não seria feito, porque no meu mundo ideal, em junho de 2021 não seria problema nenhum uma mulher obviamente talentosa e competente viver o papel que quisesse em uma montagem artística qualquer.
NOTA: 🎬🎬🎬🎬1/2
Resenha em 30 segundos ou menos:
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