Filme lindo e punk da Letônia que me deixou encantado e muito incomodado ao mesmo tempo.
Samuel é um americano que viaja pra lá atrás do pai q nunca conheceu e no meio de um caminho para lugar nenhum, ele conhece uma mulher que com a ajuda do pai, acaba prendendo Sam no chiqueiro, para que ele se acostume a viver como um porco, nu, comendo o que os porcos comem, sem tomar banho.
Sim, o filme é direto e reto assim, já começa com os 2 pés na porta.
Sam é forte, bonito e aos poucos a gente descobre que Kirke, a mulher que o prendeu, fez isso porque quer domesticar Sam para que ele não só trabalhe para a família mas também que ele dê filhos a ela.
O primeiro problema é que Sam não entende e não se conforma com o que ele esteja vivendo. Pra piorar, o “cachorro” dos vizinhos, um homem feioso e magrelo, apaixonado por Kirke, quer que Sam suma para que ele se case com a fazendeira.
Sim, tudo é muito doido mas Samuel’s Travels é contado com a ajuda de uma locução em off que parece vinda diretamente de contos lindos da Idade Média, então a bizarrice vira quase que normal, como uma historinha rotineira.
Bem, depois de muito sofrimento, Sam consegue fugir com os porcos que não só viram seus amigos como acabam conversando com ele.
Enquanto a turma se embrenha pela floresta, Sam percebe que sente saudades de Kirke e que sim, ele está apaixonado por ela.
No final das contas, Samuel’s Travels, que parece ser um filme de horror caipira, o folk horror, direto da Letônia, é um filme bem bizarro sobre o cúmulo da Síndrome de Estocolmo, quando o sequestrado se apaixona por seu sequestrador.
O filme do diretor Aik Karapetian é de uma delicadeza tétrica ímpar.
Nada do que achei que estava assistindo me preparava para o próximo passo da história, que em certos momentos deixa Corra! no chinelo.
Karapetian não só sabe como filmar mas também sabe como tratar o roteiro com a reverência que merece para ter ao final uma obra única, quase que um estudo sobre o quanto um filme de horror pode ao mesmo tempo parecer uma comédia romântica bizarra imersa no pior pesadelo de seu personagem principal.
Pesadelo esse que nunca acaba, de onde o personagem não pode despertar porque já está acordado.
NOTA: 🎬🎬🎬🎬1/2