168/2022 OTHER, LIKE ME: THE ORAL HISTORY OF COUM TRANSMISSIONS AND THROBBING GRISTLE

“Por que os seres humanos resolvem coisas difíceis com violência?”

Uma frase tão pacifista como essa era uma das preferidas do Throbbing Gristle, uma das bandas mais radicais e performáticas e barulhentas e violentas de todos os tempos.

Os TG mostravam ao vivo e em seus discos que a violência não era o fim mas na minha opinião, poderiam ser um tipo de catarse para um suposto “final feliz”, obviamente entre aspas, já que a felicidade é algo absolutamente relativo.

E no caso do TG, de Genesis P-Orridge, Cosey Fanni Tutti, Peter Christopherson, e Chris Carter, as aspas sempre eram gigantescas.

A começar pelo nome da banda, Throbbing Gristle, que é uma gíria tosca da cidadezinha tosca de onde eles vieram, Kingston upon Hull, que quer dizer, “ereção gigantesca”.

O engraçado é falar sobre os TG e usar termos como radicais e violentos em 2022, onde um jornalista é morto, dilacerado e tem seu corpo queimado e enterrado no meio da floresta brasileira por estar fazendo a coisa certa.

Mas os Throbbing Gristle foram isso sim lá em 1975, quando a disco music e o rock progressivo dominavam o mundo.

Eles fizeram primeiro o que os punks viriam a fazer ano depois, só que mais que os punks ainda, eles inventaram o industrial.

E pra mim assistir este documentário ao mesmo tempo que eu estou assistindo a Série Pistol, sobre não o nascimento mas a invenção dos Sex Pistols, toda bonitinha e bem dirigida pelo Danny Boyle, mostra o quanto a relevância artística de umas pessoas é infinitamente maior que de outras.

Enquanto Malcolm Maclaren e sua esposa Vivienne Westwood inventaram uma banda para venderem roupa chamando atenção como podia e não podiam através de um marketing gigantesco, mais ao norte da Inglaterra os TG jogavam na cara de quem quer que eles conseguissem atingir que a humanidade não tinha jeito, que só pelo fato de querer resolver tudo com violência já dizia que o “no future” dos punks de butique Sex Pistols, já era passado.

Other, Like Me: The Oral History of COUM Transmissions and Throbbing Gristle dialoga bem com o documentário que resenhei ontem sobre a Lydia Lunch, outra artista radical que levou o punk a extremos que poucos ousaram se aventurar.

A história do Throbbing Gristle é obrigatória para você que se interessa por arte no estado mais puro e mais político e mais extremo.

Décadas atrás eu cheguei no Throbbing Gristle através do Psychic TV, a banda de Genesis Breyer P-Orridge, depois do final dos TG. A partir desta banda, li uma bíblia que ele escreveu, “Thee Psychick Bible: Thee Apocryphal Scriptures Ov Genesis Breyer P-Orridge and Thee Third Mind Ov Thee Temple Ov Psychick Youth”, um dos livros que mudou minha cabecinha de uma forma tão absoluta que parecia que a partir de então, tudo fazia um sentido diferente, da mesma forma que o livro do KLF, “Manual: How to Have a Number 1 the Easy Way”.

(Genesis Breyer P-Orridge, aliás, um dos maiores artistas de todos os tempos na minha opinião, mas ainda vou fazer um post em homenagem a esse cara, morto há menos de 2 anos, que deixou uma lacuna gigantesca na lista de pensadores contemporâneos)

De volta ao documentário, felizmente disponível no In-Edit clicando nesse link, veja com calma e perceba que os caminhos que a gente procura em nossas vidas monótonas e idiotas, de vez em quando estão sob formas de obras de arte que a gente pode deixar passar desapercebidas, como uma música, uma história de vida, um filme ou um livro. Sim, este documentário.

NOTA: 🎬🎬🎬🎬🎬

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