Quando eu terminei de assistir Girl lá em 2019, estreia maravilhosa do belga Lukas Dhont na direção, eu só pensava no que ele faria em seu segundo filme.
Close é o segundo filme de Dhont e para nossa sorte, não é nada mais nada menos que mais um tapa nas nossas caras cinéfilas, uma obra de arte sim com um potência narrativa como não via desde a era clássica dos melhores filmes dos irmãos Dardenne, também belgas, olha a coincidência.
Close (perto) é como vivem os amigos Leo e Remi, ambos com 13 anos de idade.
Eles moram em algum cidadezinha belga, estudam juntos, dormem juntos, fazem tudo juntos e na inocência da pré puberdade, não conseguem pensar em um dia a dia que não seja assim.
Até que eles começam a sofrer bullying na escola.
Seus colegas querem saber se eles são mais que amigos, se eles namoram, se eles estão juntos e alguns até os xingam, os empurram, o que faz com que aos poucos Leo vá se afastando de Remi.
O que poderia ser uma comediazinha romântica gay americaninha besta tipo um Com Amor, Simon da vida, Lukas Dhont transforma em um dos filmes mais potentes do ano.
Close é de primeiro tirar nosso chão.
Enquanto ficamos esperando voltar o chão voltar sob os nossos pés, Dhont vai também tirando nosso encosto de cabeça, nossa respiração e quando percebemos, a história toda tomou conta de nossa percepção e de nossas emoções, dando um nó bem interessante no nosso pequeno cérebro.
A destreza da direção de Lukas Dhont que já tínhamos percebido em Girl, sobe alguns patamares em Close. O que ele entrega com 2 meninos de 13 anos de idade que nunca tinham atuado antes, é inacreditável.
Eden Dambrine como Leo é a personificação mais perfeita do herói cinematográfico que vai do zero ao 100 se transformando aos nossos olhos sem que acreditemos no que estamos vendo.
Uma das melhores cenas do filme é quando Leo chega em casa ensopado de chuva e sua mãe o abraça com tanta força que parece que ele vai quebrar ao meio. E ainda parece que ele quer ser quebrado ao meio para de lá sair alguém que ele não sabe bem quem seria.
Gustav de Waele faz um Remi que nos enche os olhos por seu amor inocente que eu nem de longe chamaria de paixão mas que eu adoraria poder chamar.
A falta de preparo e de experiência de seus atores mirins fez com que Dhont os moldasse perfeitamente para viverem essa história de amor que nem eles, nos papéis de seus personagens, sabem que podem chamar aquilo de amor.
Close venceu o Grand Prix do Festival de Cannes de 2022 e é o filme que a Bélgica indicou ao Oscar Internacional e corto meu dedinho fora se o filme não for um dos 5 finalistas. Inclusive tem minha torcida para sair vitorioso da premiação, o que será mais que merecido.
NOTA: 🎬🎬🎬🎬🎬
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