230/2021 TODAS AS LUAS (#FANTASIA2021)

Uns dias atrás quando eu escrevi sobre o ótimo Hellbender, disse que depois de muitos e muitos anos eu assistia um filme de bruxas como se deve.

Repito agora sobre o espanhol Todas as Luas.

Que filme!

Quando eu estava desenganado com filmes de vampiros, sentindo falta de uma história totalmente nova e surpreendente, eis que aparece este filme que me faz acreditar que os morcegões estão vivos.

Mortos vivos.

O filme se passa em meados dos anos 1870, ao final da guerra castrista na Espanha, na região do País Basco e pra nossa sorte, o filme é falado em Basco, coisa mais linda de se ouvir.

Todas as Luas conta a história de uma menina que fica completamente desamparada depois que o orfanato de freiras onde ela vivia é destruído por bombas, no meio daquela guerra.

Ao fugir por uma floresta, ela encontra uma mulher que a salva e que promete que nunca mais vai deixá-la sozinha, se a menina quiser, claro.

Uma tigela de sangue que a menina toma é o suficiente para a promessa ser realizada. Mas logo depois, a mulher, a menina e o resto de um grupo de pessoas que vivem escondidas no meio do mato, são atacados pelos mesmos soldados do orfanato e mais uma vez, a menina sobrevive.

Sozinha.

Sem ter ideia do que aconteceu com ela.

Ou pior, sem ter ideia de que alguma coisa aconteceu com ela.

E ela descobre sofrendo, quando coloca a mão no sol e sente sua pele queimando imediatamente.

A menina, vivida pela ótima e linda Haizea Carneros, é uma vampira sem saber que é.

Nem nome ela tem, por isso me refiro a ela como a menina, como no filme.

Ela sente fome, mas demora para perceber que de sangue.

Ela não sai ao sol depois de queimar a mão, aprendendo da pior forma possível e da pior forma também vai descobrindo como ela pode sobreviver.

A direção de Igor Legarreta é impressionante, muito por não cair nas armadilhas do horror fácil ou pior, do horror de vampiro fácil.

A menina de Todas as Luas, já que é só o que ela pode contar e olhar no céu sem se queimar, já entrou para o meu panteão de vampiras maravilhosas ao lado de Eli de Deixa Ela Entrar.

Quando eu falo em não cair em armadilhas, o que mais me impressionou neste filme foi que como a menina não sabe o que ela é, ela não sabe o que tem que fazer e como deve se portar, como deve ser.

Ela acha que é só uma criança meio diferente, que não deve se misturar com as pessoas. Até que ela descobre que também está errada.

E esse é o tipo de situação que poderia também cair na armadilha da reviravolta de roteiro, do plot twist tão odiado, mas que pelas mãos poderosas de Legarreta, transforma o filme em uma bela caixinha de surpresas, uma atrás da outra, sem decepcionar.

Todas as Luas é o horror que não parece, que assusta mas não soa como horror, que mete medo mas que parece mais um drama desgraçado, só que delicado ao mesmo tempo.

É um conto fantástico e horroroso, de medo, de abandono e desespero. E o que é pior de tudo, já que a menina não sabe quem é nem o que é, ela só sabe que não consegue morrer e que do jeito que as coisas andam, essa não seria uma opção tão ruim.

A condução clássica do diretor junto a fotografia, a trilha e principalmente a direção de arte, são fundamentais para que a história seja crível e melhor ainda, seja até possível.

Nunca vi um filme de vampira que eu acreditasse que “desse jeito até poderia ter acontecido”.

E isso não é bom, na vida real, já que abre uma possibilidade de uma vontade bizarra que no final das contas, acaba quando termina o filme.

E mais não posso contar.

NOTA: 🎬🎬🎬🎬1/2

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