355/2022 ATÉ OS OSSOS

Sinceramente eu queria ter gostado muito mais do novo filme do Luca Guadagnino, estrelado pela surpresa Taylor Russell e pelo sempre bom Timothée Chalamet.

O filme conta a história desse casal improvável, dois jovens que são “eaters”, “comedores”, eles comem carne humana e dependendo do quanto, não só matam a fome mas tem viagens boas, também conhecidos como canibais.

O problema do filme é que nada acontece em mais de 2 horas.

Quer dizer, o filme é sobre Maren (Taylor) atravessando os EUA para conhecer finalmente sua mãe.

No meio do caminho ela encontra Lee (Timothée) e com ele aprende um pouco sobre ser uma comedora e sobre a vida, já que todo sentimento de culpa que Maren tem em comer outras pessoas, depende muito, segundo Lee, do quanto as vidas dela e das pessoas são significativas.

Mais uma vez Guadagnino faz um filme com uma história bem aleatória e a partir dela ele tenta entrar em discussões filosóficas que funcionam mas não seguram um filme longo desses.

Obviamente que tudo em Até Os Ossos é bom, a começar pela trilha de Trent Reznor e Atticus Ross que acaba sendo quase uma personagem do filme, ajudando muito a contar a história toda.

A fotografia de Arseni Khachaturan é uma beleza só: o que parece ser simples e quase displicente é uma aula de luz, de como contar uma história de personagens que vivem absolutamente à margem da sociedade sem glamurizar, sem querer transformar uma história de monstros em quadros fashion de uma Vogue qualquer.

Esse, aliás, é um dos pontos bons que sempre existem nos filmes de Guadagnino: ele foge do fashion, o que pra mim era meio que óbvio que o diretor fosse pra esse lado, já que seus filmes tem sempre um pezinho no hype. Mas Luca tem consciência disso e até usa essa pseudo possibilidade a seu favor, meio que como um diretor passivo agressivo na direção de arte moderninha.

Até Os Ossos é bonzinho, é fofinho, apesar do sangue, tem um elenco interessante cheio de coadjuvantes amigos do diretor, que vai do pai do Me Chame Pelo Seu Nome Michael Stuhlbarg, a diva das divas Jessica Harper de Suspiria e uma Chloë Sevigny bem insana.

Mas apesar disso tudo, fica no meio do caminho: não é um horrorzão, nem um drama, nem um romance, nem um road movie, mas é um pouquinho de tudo isso.

E nesse quebra cabeças, muitas vezes as partes não se encaixam.

NOTA: 🎬🎬🎬1/2

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