Seo filme belga Close não tivesse sido indicado ao Oscar depois de faturar prêmios por onde passa pelo mundo, o islandês Beautiful Beings poderia facilmente “tomar” seu lugar.
Beautiful Beings não é um filme gay per se, assim como Close também não o é, ambos são filmes onde adolescentes se apaixonam por adolescentes, na minha opinião, das formas mais puras e lindas possíveis.
Tá, isso faz deles filmes gays, me convenci escrevendo aqui.
Outra coincidência entre ambos os filmes é a violência embutida nas histórias.
Close se utiliza do bullying e da depressão para andar por caminhos tortuosos e radicais.
Já Beautiful Beings é uma mostra, segundo o filme, de como a violência adolescente é um problema grave na Islândia dos dias de hoje.
Kd as fadinhas, as Bjorks e o gnomos da ilha vulcânica?
Beautiful Beings mostra que por lá as famílias são super desajustadas e que a molecada se perde rapidamente e de maneiras também radicais, como no filme belga.
Aqui Addi, um moleque bem sensível, que inclusive enxerga “coisas” e sente outras, se envolve com uma turminha bem punk onde o cabeça é Konni, o animal, um moleque sem a menor noção de civilidade.
Eles conhecem Balli, um menino que acabou de ter seu nariz destroçado quando apanhou de uma turminha de, claro, delinquentes, da escola.
Balli vive sozinho porque sua mãe junkie mais fica fora de casa, sua irmã mora longe e seu padrasto está preso. Ele torce para que sua mãe volte antes que a comida acabe, enquanto sobrevive em um apartamento caindo aos pedaços, imundo.
A situação perfeita para a turminha se encontrar, fumar, falar nada sobre nada e pensar com quem eles vão brigar quando ficam entediados.
Enquanto isso Addi tenta de todas as maneiras ser mais pé no chão, ajudando Balli como pode, sendo o ombro amigo de todos os meninos e sofrendo ele mesmo com suas viagens astrais, que ele não aceita, sofrendo com o pai ausente e como todo bom adolescente, sendo fofo na rua e escroto em casa.
O diretor Guðmundur Arnar Guðmundsson, que é um dos preferidos deste blog, mostra mais uma vez que é sensível o suficiente para contar algumas histórias de amor dentro de um universo violento, cruel e sujo.
Os meninos não podem ficar em casa, evitam, inclusive, para fugirem de seus pais violentos.
Eles não deveriam ficar na rua porque lá eles são os violentos.
Então suas vidas são totalmente sobre não saberem o que fazer.
Quanto mais eles tentam, mas eles se machucam e se ferem, não fisicamente.
Addi é o personagem perfeito da história imperfeita, o menino que seria o herói no mundo ideal e no mundo islandês equivocado de Beautiful Beings, ele acaba sendo a esperança fulgaz, a luz no final de um túnel infinito.
NOTA: 🎬🎬🎬🎬1/2