Depois de muita briga com as torcidas explosivas, com os diretores querendo me subornar para entrarem nos primeiros lugares, com os haters me xingando de tudo quanto é nome e com as distribuidoras hollywoodianas querendo minha caveira, aqui está a lista dos 10 melhores filmes de 2022, o ano que durou uma década.

Em 2021 Lamb, o horror caipira islandês acabou empatando com Titane, o filme mais cosmopolita possível.

Os extremos que se completavam, os horrores radicais que não poderiam ter sido mais diferentes e que fooder@m com meu cérebro em partes iguais.

Mais uma vez a história caipira me tirou o chão, desta vez diretamente dos confins irlandeses, em meio à Guerra e à descoberta de que perder tempo na vida é para os fracos.

Sim, o melhor filme de 2022 é:

1. Os Banshees de Inisherin – com um roteiro original perfeito, um elenco dos sonhos e a direção mais acertada do ano, o roteirista e diretor extraordinaire Martin McDonagh tirou o meu chão e não o devolveu até agora em um filme que parece o mais sem graça de todos e que na verdade é uma aula magna de cinema.

HOURS CONCOURS – que é o filme que deveria ter ganho como melhor mas aos 45 do segundo tempo, ficou acima de toda a competição. Moonage Daydream, o documentário sobre a filosofia de Deus David Bowie não só quebra barreiras estéticas como dá um tapa na cara do espectador que espera um documentário padrão sem graça. Prepare-se pra ter o cérebro destroçado e rearranjado.

2. Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo – comédia americana na lista? Tá bowa? Sim, o filme que mais vai dar nó no cérebro do espectador com roteiro complexo, bizarro, engraçado e estrelado pela Michelle Yeoh.

3. Speak No Evil – horror nórdico que vai te pegar no colo e aos poucos vai zoar com seus sentidos, com suas emoções e ao final, quando você estiver drenado de forças, vai pegar o que sobrou, jogar no chão, pisar em cima e arrastar com a sola dos pés sujos e despudorados.

4. TAR – esse filme já foi meu preferido do ano e hoje eu acho que se não fosse pela Cate Blanchett, as coisas teriam sido diferentes. Mesmo assim, a história da maestrina nóia é dos dramas mais precisos e pungentes deste 2022.

5. Aftersun – pensa que eu não sou fofo e não vou colocar o draminha sensação do ano? Mas veja só, a diretora Charlotte Wells brinca muito com seu espectador, ao ponto de nos deixar sem saber se a gente ama ou odeia as últimas férias do pai perdido com sua filha saindo da infância.

6. Crimes do Futuro – All Hail David Cronenberg! A volta do Mestre dos mestres é mais doente e mais insana, mas nada do que não esperávamos de um filme do canadense. Há quem diga que é mais do mesmo, mas quem dera o mesmo do Cronenberg fosse a média de Hollywood.

7. Decision To Leave – ah que falta fazia um filme do Hitchcock por ano. Obrigado ao Mestre coreano Park Chan-wook.

8. Men – mais horror que trucidou meu pequeno cérebro. Não é sutil, é complicado, mas tem Jessie Buckley como a personagem mais sofredora na mão dos homens em um ano cheio de heroínas femininas.

9. Close – o filme gay do ano é um tapa que parece que foi dado com luva de pelica mas ao final a gente percebe que foi uma porrada na nossa cara com um soco inglês.

10. Masking Threshold – reinventar como se faz cinema, como se conta uma história é pra poucos e o diretor extraordinaire Johannes Grenzfurthner fez certinho nesse que é o filme de serial killer mais legal dos últimos anos.